Juju - a dona do pedaço

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Família de Peludos

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sábado, 28 de novembro de 2009

CONDUTA DIANTE DE UM GATO COM OBSTRUÇÃO URETRAL

Heloísa Justen M. de Souza

O exame clínico acurado do gato com uropatia obstrutiva irá depender do seu temperamento e da severidade e tempo da obstrução uretral.

Para a inspeção da uretra peniana, implica na retração do prepúcio e exposição do pênis. Aconselho a contenção química do gato para a obtenção de um melhor manejo, com o emprego do cloridrato de quetamina associada ao diazepam, administrados por via endovenosa. Desta forma, observamos cuidadosamente a presença ou não de tampão uretral ou urólito na porção distal da uretra peniana. Estes podem ser removidos através de massagens suaves no pênis do gato. Caso não se obtenha sucesso com esta manobra, verifica-se se a vesícula urinária está muito repleta. Uma descompressão da bexiga superdistendida, por meio da cistocentese, pode facilitar a repulsão de tampões ou urólitos para o interior da vesícula urinária e diminuir a pressão intra-uretral.

O terceiro passo é a introdução da sonda no lúmem uretral até alcançar a oclusão mecânica (tampão, urólito, coágulos etc...). A porção proximal da sonda uretral deve ser arredondada e lubrificada com lubrificante estéril. As sondas ou cateteres uretrais de polipropileno "Tomcat catheters – open end" são as preferidas para desobstrução uretral em gatos. Quantidades copiosas de solução salina estéril são impelidas sob pressão, deixando que ocorra o escoamento do líquido ao redor da sonda. Após administrar soro pela sonda, o qual reflui, verificamos se este volume de líquido foi necessário para amolecer os tampões uretrais, por meio de uma ligeira compressão manual da vesícula urinária criando uma pressão intra-uretral. Na minha experiência, a maioria dos tampões uretrais são expelidos da uretra após esta manobra, não havendo necessidade de cateterizar toda a uretra, pois o local mais comum de obstrução uretral é na uretra peniana, que apresenta um diâmetro interno em média de 0,7mm.

No entanto, alguns gatos não conseguem ser desobstruídos e realiza-se um quarto procedimento, onde a uretra é ocluida distalmente e a solução salina é impelida, forçando o tampão uretral para o interior da vesícula urinária. Este procedimento feito de forma incorreta é responsável pelo grande número de gatos que chegam ao Hospital Veterinário da UFRRJ com ruptura de uretra e extravasamento de urina pelo tecido celular subcutâneo. A sonda uretral deve penetra cerca de 1,0 cm no interior da uretra peniana, depois o pênis deve ser tracionado dorsocaudalmente fazendo com que a uretra fique paralela à coluna vertebral, viabilizando a cateterização mais proximal da uretra, não havendo impedimento da curvatura pélvica. Estando a uretra cateterizada, remove-se a urina da bexiga e introduz-se uma solução salina, retirando posteriormente a solução, repetindo o procedimento até que o líquido venha claro e sem debris. A vesícula urinária é gentilmente comprimida e verificamos o calibre do fluxo urinário.

Texto extraído do site: http://www.petsite.com.br/

PROCEDIMENTOS PARA TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA DTUIF (Doenças do Trato Urinário Inferior de Felinos).

Heloísa Justen M. de Souza

No caso de o gato não aceitar a ração comercial, existem alguns procedimentos medicamentosos e alimentares para o tratamento e prevenção da DTUIF.

As recomendações terapêuticas nos gatos que estejam apresentando sinais clínicos de DTUIF de causa desconhecida, são limitadas em função da natureza idiopática desta enfermidade. No entanto, evidências pragmáticas demonstram que o uso de acidificantes urinários para eliminação ou redução dos cristais de estruvita (fosfato amoníaco magnesiano) parece contribuir para a remissão clínica deste distúrbio. O pH urinário do gato deve ser mensurado, principalmente duas a quatro horas após as refeições, para se verificar a necessidade de acidificantes urinários. O objetivo é a manutenção do pH urinário numa faixa de 6,25 a 6,4, pois aumenta a solubilidade dos cristais de estruvita.

Os gatos que não aceitam rações comerciais sejam elas secas ou úmidas, devem ser suplementados após a ingestão de sua dieta habitual com acidificantes urinários efetivos, tais como cloreto de amônio (300mg/kg/dia), Dl-metionina (1g/kg/dia), cloreto de cálcio (85mg/kg/dia) ou ácido fosfórico (125mg/kg/dia). As doses destes acidificantes devem ser ajustadas com cautela para cada gato individualmente. A dose inicial de cloreto de amônio e Dl-metionina deve ser de 100 a 200 mg/Kg/dia incorporada ao alimento, aumentando cuidadosamente, até obter-se o pH urinário desejado. O efeito da dieta no pH urinário depende do seu consumo, do metabolismo do animal e da dose de acidificante. A dosagem total do acidificante deve ser sempre fracionada no período de vinte e quatro horas, administrando-se após cada refeição.

O segundo ponto para aumentar a solubilidade dos cristais de estruvita refere-se ao aumento de ingestão de água pelo animal, que pode ser obtido através da mistura de caldos de carne ou peixe ao seu alimento, bem como incentivar o gato fornecendo a água de acordo com a sua predileção: vasilha sempre cheia de água, água renovada diariamente, até mesmo, água corrente da bica, dentre outras.


Texto extraído de: http://www.petsite.com.br/

FIV - UM MAL QUE NÃO ACOMETE O HOMEM

Heloísa Justen M. de Souza


A síndrome de imunodeficiência adquirida nos gatos domésticos induzida pelo vírus da imunodeficiência felina vem ganhando um destaque todo especial na medicina veterinária, pois propicia o estabelecimento de modelos experimentais ao estudo da patogenia dos lentivírus 9,34.

As pesquisas científicas mostram que os gatos são infectados por retrovírus representantes das três subfamílias: 1) Spumavirinae – tendo como representante o vírus formador de sincicio felino (FeSFV), que induz a uma infecção persistente, mas não aparente, sem evidência de patogênese ao hospedeiro; 2) Oncornavirinae – incluindo o vírus da leucemia felina (FeLV) e do sarcoma felino (FeSV); e 3) Lentivirinae – compreendendo o vírus da imunodeficiência dos felinos (FIV) 9.

O vírus da imunodeficiência dos felinos foi isolado pela primeira vez por pesquisadores norte-americanos em 1986, embora seja provável que exista já há algum tempo22. Este vírus pertence à mesma subfamília do HIV — causador da síndrome da imunodeficiência adquirida humana (AIDS). Inúmeros estudos estão sendo realizados e indicam que, apesar de ambos os vírus pertencerem à mesma subfamília, eles são distintos20,28. O FIV é similar ao HIV morfologicamente e nas estruturas das proteínas, mas difere antigenicamente e na especificidade da espécie18. O FIV é altamente espécie- específico, ou seja, só se replica em células felinas23. Ao penetrar na célula, o vírus induz à transcrição reversa, processo pelo qual o DNA viral é copiado a partir do seu RNA, com a participação de uma enzima denominada transcriptase reversa9. Esta cópia do DNA do genoma vírico incorpora-se ao DNA cromossômico da célula hospedeira27. A transcriptase reversa do FIV, comparada com a transcriptase de outros lentivírus, necessita do íon de magnésio, e difere da transcriptase reversa do HIV, na seqüência primária dos aminoácidos, porém seus genes compartilham de 40 a 65% de homologia genética20.

Os estudos soroepidemiológicos demonstram que o lentivírus felino está disseminado na maioria dos países do mundo inteiro e revelam que a prevalência da infecção varia de acordo com as diferentes localizações geográficas2,12,24,26.

MODO DE TRANSMISSÃO


O FIV está presente na saliva, sangue, soro, plasma, bem como no líquido cerebrospinal dos gatos infectados16,23. O vírus encontra-se em quantidades bem menores no sêmen e no leite3. A forma de transmissão natural mais comum do vírus nos gatos é feita através da mordedura23,27,30. Em seu efeito, a mordedura atua como uma injeção de saliva contendo o vírus, sendo a saliva o principal veículo de propagação do FIV30. A transmissão vertical da infecção pelo leite pode ocorrer se as gatas forem infectadas durante a gestação27. Não tem sido documentada a transmissão transplacentária, como também, não foram bem sucedidas as tentativas de transmissão venérea sob condições naturais ou experimentais3,23.

Os gatos que constituem o grupo de risco são os de idade superior a 6 anos, machos, com acesso à rua e a outros gatos, estando mais sujeitos às brigas (Fig. 1) 3,24.

O FIV apresenta um tropismo celular pelos linfócitos T-helper com marcadores de superfície para antígeno CD4 (grupos determinantes antigênicos para designar os grupos químicos particulares de uma molécula que lhe conferem a especificidade antigênica), à semelhança da infecção pelo HIV21,32,33. O FIV infecta células negativas para determinante antigênico CD4, tais como: células renais Crandell felinas, linfócitos CD8, linfócitos B, astrócitos, monócitos, macrófagos, células dendríticas1,3.

É postulado que o vírus seja englobado, processado e apresentado pelas células dendríticas aos linfócitos T CD4 pertencentes aos linfonodos de drenagem3. Acredita-se que esta apresentação ocorra nos linfócitos T dos folículos corticais30.

O esgotamento e a disfunção nas células dendríticas ocorre antes que se produza qualquer efeito nos linfócitos T27,30. Nota-se após a infecção, uma diminuição lenta porém progressiva dos linfócitos T CD4, levando a uma diminuição da razão CD4/CD8, aumento da produção de interleucina 6 (IL6) pelos macrófagos, ocorrendo também a hipergamaglobuminemia, devido ao aumento policlonal das células B27,30.

ESTÁGIOS CLÍNICOS DA INFECÇÃO PELO FIV

Para delinear o curso clínico da infecção pelo FIV, traçou-se uma série de 5 estágios distintos: fase aguda, portador assintomático, persistente linfoadenopatia generalizada, complexo relacionado à AIDS e a AIDS felina propriamente dita3,23,27.

Estágio I: fase aguda
Nas inoculações experimentais do FIV em gatos verificou- se que a fase aguda se inicia 4 a 6 semanas após a infecção27. A fase aguda caracteriza-se por febre com duração de vários dias e leucopenia, que dura de 4 a 9 semanas18. Entretanto, muitos gatos passam pela fase aguda sem sinais clínicos da doença3. Ocasionalmente, nessa fase, os animais apresentam sepse, anemia, diarréia e doenças mieloproliferativas15,27. Os achados histopatológicos incluem hiperplasia dos centros germinativos nos órgãos linfóide, infiltração dos gânglios linfáticos por células plasmáticas e metaplasia mieloide do baço25. Este estágio é dificilmente diagnosticado nos gatos infectados30.

Estágio II: portador assintomático
A maioria dos animais sobrevive a fase aguda da infecção e evolui para a fase de portador assintomático por um longo período de tempo15,23,30. No entanto, os achados hematológicos e os valores dos números dos subgrupos de linfócitos destes gatos podem apresentar alterações, quando comparados com os gatos não infectados pelo FIV31. A diminuição relativa dos neutrófilos, dos linfócitos totais e dos linfócitos CD4, bem como a diminuição da razão CD4/CD8 e o aumento das células B, estão associados estatisticamente com os gatos portadores assintomáticos para o FIV31. As mudanças histopatológicas consistem em infiltrados linfocitários leves em muitos órgãos e inflamação do ceco3.

Estágio III: persistente linfoadenopatia generalizada
Observações clínicas demonstraram que existem alguns gatos infectados pelo FIV, cuja única forma de manifestação clínica é uma persistente linfoadenopatia generalizada, sugerindo que seja um estágio da infecção do FIV (Fig.2) 18.

Estágio IV: complexo relacionado à AIDS
O quarto estágio é denominado complexo relacionado à AIDS (CRA)23. Os animais manifestam doenças de natureza crônica, tais como: doenças dermatológicas, respiratórias ou doenças entéricas3,12,23,30. As gengivites, estomatites e periodontites têm sido sinais clínicos mais comuns entre gatos infectados pelo FIV (Fig.3) 27,30. Num grau menor de freqüência, alguns gatos apresentam infecção do trato respiratório superior, perda de peso, otites externas, abscessos, feridas de difícil cicatrização, febre, diarréia, alterações hematológicas (anemia, linfopenia, neutropenia e trombocitopenia), neoplasias e doenças neurológicas (Fig.4)3,27,30. Pode-se diferenciar os gatos com CRA dos gatos portadores assintomáticos pelo aumento das células CD831. Nas enfermidades típicas, quando os gatos infectados pelo FIV são comparados com os gatos não infectados, afetados de forma semelhante, observa-se que os gatos infectados pelo FIV seguem mantendo uma diminuição na percentagem do número total de linfócitos T, uma diminuição no número de CD4 e uma diminuição na relação CD4/CD8, junto a um aumento do número das células B31. Neste estágio clínico as alterações histopatológicas demonstram uma atrofia ou uma hiperplasia linfóide6,27. Uma diferença observada entre gatos infectados pelo FIV e os gatos não infectados é o grau de plasmocitose moderada presente25.

EstágioV (terminal): síndrome da imunodeficiência adquirida
Geralmente, após o quarto estágio, os gatos exibem a doença de forma progressiva e desenvolvem uma síndrome similar à AIDS humana7. Alguns autores classificam os gatos infectados pelo FIV no quinto estágio, quando estes desenvolvem enfermidades potencialmente letais como linfoma, insuficiência renal ou criptococose (Fig. 5 & Fig.6) 30. Este último estágio está marcado pela redução das células B com um nível persistente baixo de CD46,31. Freqüentemente, nos gatos infectados pelo FIV nota-se anemia e azotemia irresponsiva aos tratamentos34. Os animais apresentam rins pequenos, hipotermia e esgotamento das funções orgânicas (Fig.7) 29. Observa-se uma infiltração linfocitária nos rins, pulmões e cérebro em gatos infectados pelo FIV29,30. Estudos preliminares têm sugerido que a infecção direta dos linfócitos produz uma transformação neoplásica na célula23,27. O diagnóstico patológico da AIDS é baseado na presença de depleção linfóide generalizada e infecção de natureza oportunista ou neoplasia maligna15. Os gatos com AIDS extenuam por um período de 1 a 3 meses, evoluindo para o óbito3,30.


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da infecção pelo FIV baseia- se na detecção do vírus infectando linfócitos T ativados no sangue periférico ou pela amplificação da seqüência de ácidos nucléicos do FIV- provírus, no sangue periférico ou em outras células pela reação em cadeia da polimerase (PCR)3,16.

De modo geral, a demonstração de anticorpos séricos frente às proteínas do vírus dos gatos infectados tem sido o meio de diagnóstico mais empregado para a detecção da infecção pelo FIV 3,12,17,16,24. Os relatos revelam que os anticorpos circulantes dos gatos infectados pelo FIV aparecem 2 a 4 semanas após a infecção e são detectáveis durante toda a vida do animal 3,12,23. Isto deve- se ao fato dos gatos não se recuperarem da infecção, existindo uma correlação direta da presença do anticorpo com a presença do vírus12,17. As técnicas utilizadas para detecção dos anticorpos circulantes dos gatos infectados pelo FIV são a imunofluorescência indireta (IFA), o teste imunoenzimático (ELISA), a radioimunoprecipitação (RIPA) e a técnica de Western blotting (WB) 3,12,16,19,24.

Em nossa rotina, os gatos são identificados como infectados pelo FIV através do teste ELISA, com a utilização de kits comerciais de fácil manipulação (Fig.8) 3,12,17,24. O resultado é obtido pelo médico veterinário em 10 minutos, aproximadamente. Imperfeições na sensibilidade ou especificidade do teste ELISA têm sido minimizadas pelo uso de proteínas recombinante do FIV3,17. Recomenda-se que os gatos hígidos positivos para a infecção pelo FIV através do método ELISA, sejam avaliados pelas técnicas de WB ou IFA, visto que estes testes são considerados mais específicos3,7.

A técnica de Western blotting é considerada a mais sensível; além disso, fornece um diagnóstico mais fidedigno, pois detecta múltiplos anticorpos específicos contra várias proteínas virais em uma só reação3,22. Entretanto, uma pequena população de gatos infectados não apresenta anticorpos para o FIV após a infecção por longos períodos de tempo12,17. A mesma situação ocorre nos estágios terminais da infecção, em que os níveis de anticorpos circulantes dos felinos enfermos são baixos e difíceis de serem detectados3,12,17. Nestes casos, a PCR é um método quase perfeito quanto à sensibilidade para detecção da infecção pelo FIV, pois identifica o provírus do FIV na célula hospedeira4,17.


TRATAMENTO

O tratamento de suporte dos gatos infectados pelo FIV visa conter as infecções secundárias e oportunistas, bem como a desidratação, anemia e desnutrição23. Este plano terapêutico deve ser delineado conforme as necessidades de cada animal23. Geralmente, os gatos enfermos recebem drogas antimicrobianas, fluidos, transfusões sangüíneas e dietas de elevada densidade calórica19,23. Entretanto, nota-se uma diminuição nas respostas terapêuticas com a progressão da infecção associada a imunossupressão17.

As pesquisas para o tratamento dos lentivírus são multifacetadas e abrangem modificadores da resposta biológica, inibidores da transcriptase reversa (incluindo a droga AZT e PMEA), células-alvo, bloqueadores dos receptores do vírus, transplante de medula óssea e terapia genética8,10,19.

O AZT (zidovudina 3’-azido-2’,3’- desoxitimidina, Retrovir®-AZT, GlaxoWellcome, RJ, RJ) é um agente antivirótico altamente ativo in vitro contra retrovírus20. O trifosfato de zidovudina age como um inibidor da transcriptase reversa virótica e como substrato para a mesma20,23,27. O AZT inibe a replicação viral in vitro e in vivo dos gatos infectados pelo FIV10;11. Estudos clínicos revelam que a terapia com o AZT melhora o estado geral e imunológico dos gatos infectados8,11. O AZT deve ser empregado na dosagem de 5mg/kg, duas vezes ao dia, por via oral11. O uso das soluções orais de zidovudina para gatos facilita a obtenção da dose ideal diária 12. Os parâmetros hematológicos dos felinos devem ser cuidadosamente monitorados em função da anemia e depressão da medula óssea, que pode ocorrer com o uso prolongado do AZT12,17. Todavia, alguns relatos demonstraram que o AZT é bem tolerado pelos gatos infectados pelo FIV e evidenciaram um pequeno decréscimo nos valores de hemoglobina10,11. Infelizmente, os felinos domésticos infectados pelo FIV podem não responder a terapia com o AZT devido a mutações do vírus17.

O PMEA (9-(2-fosfonometoxietil) adenina) é, também, um inibidor da transcriptase reversa do FIV, empregado na dosagem de 2,5mg/kg, duas vezes ao dia17. Estudos preliminares observaram que o PMEA é mais potente do que o AZT, porém mais tóxico12,17.


PROGNÓSTICO

O prognóstico dos gatos infectados não está totalmente elucidado, pois dependendo da influência do meio ambiente, alguns felinos tornam-se relativamente saudáveis por um longo período, mesmo com uma progressiva falência do sistema imunológico15,27.

Os animais infectados pelo FIV devem ser mantidos longe do contato com outros gatos qa fim de prevenir a transmissão da doença e não ficarem expostos a infecções por patógenos oportunistas3,34. Vale a pena lembrar que os gatos permanecem infectados pelo FIV por toda a vida, mesmo produzindo anticorpos contra uma variedade de antígenos16,33.


PREVENÇÃO

A vacinação dos gatos seria o método ideal à prevenção e controle da infecção pelo FIV17,19,34. No entanto, vários tipos de vacinas experimentais estão sendo utilizadas, produzindo resultados variados quando os gatos são expostos ao vírus3,33.

A proteção contra o FIV (vírus específica) foi obtida somente com a imunização dos gatos com vacinas de vírus inativado totalmente12,27,33. O sucesso desta vacina deve-se ao emprego do vírus derivado de uma linhagem celular denominada FL4, que se caracteriza por ser uma linhagem específica de linfoblasto felino infectada persistentemente com a cepa Petaluma33. Porém, uma vacina efetiva deve ser capaz de proteger os gatos contra as variações antigênicas das diferentes cepas e não somente da cepa vacinal e deve prover imunidade por um período igual ou superior há um ano17.

Nos gatos imunizados com complexos imuno estimulantes (ISCOMs), contendo recombinante expressando gp120 ou gp 160, observou-se mais suscetibilidade à infecção pelo FIV quando expostos ao vírus3,33.

No que concerne à vacinação de gatos para FIV, os estudos revelam que a imunização induz ao desenvolvimento de anticorpos circulantes, detectáveis pelos métodos convencionais usados de forma rotineira para o diagnóstico da enfermidade12,17. Isto sugere que, com o emprego das atuais vacinas experimentais, haveria dificuldade em diferenciar gatos infectados pelo FIV dos animais vacinados17. Outro aspecto importante da infecção pelos lentivírus é a capacidade de realizar mutações no hospedeiro, tornando ainda mais complexa a elaboração de vacinas apropriadas3,27,33.

Estudos preliminares apontam o uso de vacinas contendo DNA do FIV como uma linha de pesquisa promissora ao entendimento do mecanismo de proteção vacinal33.

À luz dos conhecimentos atuais, a prevenção contra a infecção pelo FIV é feita mantendo os animais sadios no interior de suas residências, inviabilizando, desta forma, brigas com animais positivos12,23,27. É oportuno lembrar que, nas transfusões sangüíneas, o gato doador não deve apresentar anticorpos ao lentivírus3.

CONCLUSÃO

Atualmente, a AIDS felina causada pela infecção do FIV não tem cura. Faz-se necessário, no entanto, sermos capazes de dar um diagnóstico fidedigno para cada gato e, indubitavelmente, traçar estratégias para o controle e prevenção da infecção pelo FIV nos felinos domésticos em nosso país.

É provável que o fruto do trabalho dos pesquisadores, junto a um melhor entendimento dos aspectos da biologia molecular do vírus, conduzam à produção de uma vacina efetiva, num futuro não muito distante.

Novas drogas anti-retrovírus e imunomoduladoras deverão ser testadas a fim de fornecerem uma terapia adequada à infecção dos lentivírus.


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